Foram 122 as pessoas que assistiram à 12ª Tertúlia Samsys, que se dividiu em duas sessões no Porto. É cada vez mais recorrente ouvirmos falar deste tema tão polémico, a felicidade organizacional, que veio efetivamente para ficar.
Este evento foi criado com um objetivo claro: inspirar a sociedade a adotar novas práticas que contribuíssem para o bom ambiente empresarial, pois acreditamos que este fator pode alavancar a motivação e a produtividade em ambiente empresarial. E esse foi o feedback que recebemos: inspirámos e demos a conhecer, com ajuda imprescindível dos oradores convidados, novos caminhos para tornar as empresas mais felizes e produtivas. Afinal estivemos na presença de 4 empresas que constam no top 100 Melhores Empresas para Trabalhar.
Deixamos neste artigo alguns highlights da 1ª e da 2ª edição da 12ª Tertúlia Samsys, que decorreu nos dias 25 de outubro e 15 de novembro no Espaço Cultura da FNAC do MarShopping.
Reveja o perfil dos oradores da 1ª Edição AQUI.
Frases-chave a reter do evento
1ª Edição
- Nós exigimos dos colaboradores, mas eles também exigem muito de nós. O exemplo tem de vir sempre de cima.
- Na nossa empresa não há portas fechadas, a Administração está sempre disponível para ouvir as pessoas.
- Não se fala de trabalho nas atividades de team building.(…) Estas atividades são vitaminas para a equipa. Quando as faço é com objetivo de formar e aproveitar as capacidades da equipa para ela se desenvolver. A equipa cresce muito nesses momentos.
- Não utilizo o termo “recursos humanos”.
- Temos de passar a base para que tudo possa ser potenciado.
- Numa Multinacional é difícil chegar às pessoas de diversos países, com culturas diferentes, mas há sempre estratégias como formações, convívio (pós horários de trabalho) que nos ajudam a consegui-lo.
- Criar o momento “café com o chefe”: um pequeno almoço com o Diretor da empresa.
- O quotidiano é que manda. Pessoas felizes dão clientes felizes e potenciam captação de talento.
- Qualquer problema é problema de gestão, compete ao líder criar soluções.
- A pedra basilar da gestão é a coerência e o bom senso.
- Nem sempre é fácil andar com um sorriso, mas mesmo que não seja possível, é necessário ser um bocado coach. Mostrar preocupação, estar lá e dar o exemplo e mostrar as vantagens de estar feliz.
Partilha de Ideias
Carolina Breda afirma que existe uma plataforma onde toda a equipa partilha as suas ideias para contribuir para a felicidade da empresa, a que lhe chama Ideiateca. Na norma de IDI é obrigatório serem criativos. Na Ideiateca as pessoas são premiadas por colocar ideias e existe inclusivamente uma montra de prémios, que as pessoas escolhem.
“100% dos clientes são pessoas. 100% da equipa são pessoas. Se não percebemos de pessoas, não percebemos de negócio“.
Ricardo Costa – atividade de responsabilidade social. 2-3 vezes por ano juntam pessoas na Habitar for Humanity, um projeto que consiste em reconstruir casas de pessoas.” O que fazemos é juntar a equipa e vamos a um sábado trabalhar para o projeto: põe-se placas, pinta-se e desta forma fortalecemos as relações”.
Miguel Pedrosa Rodrigues – incutir em sistema as 120 pessoas na equipa. Existe partilha de reconhecimentos perante a equipa e as propostas de mudança vêm de baixo para cima.
Reveja o perfil dos oradores da 2ª Edição AQUI.
Veja como foi a Tertúlia na 2ª Edição
Desafiámos os participantes do evento a que respondessem a uma questão interativa que partilhámos no início do evento. A questão foi “O que é que o torna feliz no trabalho?”. Partilhamos agora consigo os resultados:
Partilha, companheirismo, equipa, transparência, gratidão, motivação, sucesso, realização, pessoas, sorriso, entreajuda, evolução, desafio, relações humanas, paixão, comum, concretização de objetivos, paixão, atitude.
Guião/Respostas:
Qual o perfil e a principal missão de um Gestor de Felicidade? (Susana)
É fundamental estarmos próximos das pessoas e sermos perseverantes. Achei que criar este departamento ia ser uma felicidade para todos, mas nem todos reagem da mesma forma, por isso é importante percebermos as pessoas, as dúvidas e receios e não desistirmos na primeira dificuldade.
Temos um SPA na empresa e terapeutas que vão lá 3 vezes por semana. Os colaboradores podem tirar 30 minutos da hora de trabalho para aproveitarem. No início, quase ninguém queria ir para o SPA, por isso foi preciso ir falar com a equipa, porque o que as pessoas acham não é o que nós achamos, muitas vezes. Se o benefício não for para todos, representa um custo e não um investimento.
Carolina, como surge inspiração para criar iniciativas internas que unam os vossos colaboradores? O que é que esse lado criativo já a levou a criar? (Carolina)
(…) O exemplo vem de cima e se sentimos que as iniciativas também são apoiadas e praticadas pela gestão de topo, então isso incentiva.
Testemunho (Mónica, Lipor) – Acho que numa empresa pública, com operários de chão de obra, a barreira para inovar foi enorme. Quando viram que íamos ter aulas de ginástica, ridicularizaram. Hoje, se faltar o prof de ginástica, já dão pela falta dele. Além disso, temos fruta fresca diariamente, oferecemos um cesto de bebé aos que nascem, existe entrega de medicação na empresa, entre outras iniciativas.
Qual o impacto da felicidade numa cultura organizacional? (Paulo)
Entendi como falta de felicidade não existir uma 2ª linha geracional na empresa. Pensava que se estivesse feliz, recomendaria ao meu filho, e isto não existia. Hoje temos pais e filhos.
Premiamos com 500€ os elementos da equipa que se casam ou que são pais e esta iniciativa é sempre criticada pelo valor, no entanto teve impacto nos media. Este é um indicador de que ajudamos a que sejam felizes e que apoiamos a que o filho/filha um dia sejam felizes e se for na nossa empresa, melhor.
Testemunho (Branca, Cozinha do Martinho Catering) – empresa onde trabalham pessoas há muitos anos. O meu pai nunca tratou a equipa como “empregados”, mas sim como “Colegas de Trabalho”, a quem dava “mimos”. O meu pai dava dinheiro para comprar por exemplo um carro e as pessoas iam-lhe pagando, tal era a confiança. E as pessoas sentem-se gratas. Gratidão é a palavra que mais ouvimos. Damos o dia de aniversário e ninguém falta, porque a Gerência também não falta. Tenho tudo organizado, as datas, os batizados, faço questão de isso ter significado na nossa casa. Sinto-me feliz e não conheço ninguém ali que não seja também.
As pessoas não podem trabalhar se não se sentem mimadas.
Como foi iniciar uma função que nunca tinha sido criada, sustentada em felicidade organizacional, sem nunca ter tido experiência nesse cargo anteriormente? (Susana)
Gostarmos do que estamos a fazer e foi um desafio para mim e era algo que queria implementar na empresa. Não conseguia ir ver outros exemplos para tentar implementar. Foi um desafio que me deu muito gozo, porque acabei por aprender sozinha e acabei por aprender com os colegas e fazer coisas diferentes. É mais fácil quando a gestão de topo vê também o Departamento de Felicidade como algo importante na empresa. Faz parte já do ADN da empresa. Já existirmos há mais de 60 anos e já no início iam todos juntos à praia, jogavam juntos à bola.
Temos de mimar as pessoas, tratá-las bem para elas se sentirem felizes. Lidar com pessoas é aprendermos com as pessoas para fazer coisas diferentes para elas se sentirem bem.
A felicidade não é uma coisa estanque, não é possível ser feliz no trabalho e infeliz na vida pessoal, está tudo ligado. Não existe fórmula mágica, o truque está em encontrar o equilíbrio. Sabemos que a felicidade não vem só dos benefícios que vêm do Departamento de Felicidade, tem de acreditar no que está a fazer e sentir-se reconhecido e beneficiado.
“A decisão sobre a nossa carreira é uma das coisas mais importantes da nossa vida. Afinal, o nosso trabalho é onde vamos passar a maior parte do nosso tempo”.
Quão importante é para a Carolina que as pessoas que recruta conheçam a vossa realidade e como realmente é o vosso ambiente de trabalho? (Carolina)
É tão importante que na última entrevista de recrutamento eu apresento como somos e como trabalhamos, o que fazemos e quer a pessoa fique, quer não, mostramos as instalações e mostramos na mesma a nossa cultura. Abrimos as portas da nossa segunda casa. Nós trabalhamos com 90 famílias, não com 90 colaboradores.
Considera os seus colaboradores felizes ou defende que a felicidade surge de um estado de espírito momentâneo? (Paulo)
Paulo – Não há medidas que agradem a toda a gente. Isto é momentâneo, às vezes vão a casa e voltam com uma nuvem negra.
Susana – Felicidade são momentos. Momentos menos bons não comprometem a nossa felicidade. Confiarmos nas pessoas que temos ao nosso lado é que contribui para a nossa felicidade, seja no nosso trabalho ou em casa. Estamos mais tempo com os colegas de trabalho do que em casa. Em casa a maior parte do tempo é a dormir, por isso se estivermos felizes no trabalho, estamos maioritariamente bem.
Testemunho (Andreia, Psicóloga) – quando falamos de felicidade organizacional é a possibilidade de as pessoas poderem ser exatamente como elas são. Fatores salariais fazem toda a diferença. Se formos persistentes, conseguimos.
Quais as maiores diferenças que registou depois da criação do Departamento de Felicidade e de implementar medidas para motivar e tornar mais felizes os cerca de 174 colaboradores do Grupo? (Susana)
A nível de comunicação, sobretudo, ao transmitir a mensagem de determinada forma, evitar males entendidos. A comunicação acaba por criar muita entropia dentro de uma organização. Fazemos um kick off pós-férias, onde vamos fazer atividades radicais, todos juntos; fazemos uma viagem que contribui para uma melhoria a nível do bem-estar da equipa (por exemplo à Jamaica, a Punta Cana ou a Cabo Verde). Quando oferecemos a viagem é a pessoas que cumpriram o objetivo. Descobrimos que às vezes não era interpretado como prémio, era sacrifício, então tivemos de arranjar alternativa. Quem não quiser ou não puder, recebe um salário extra. Desta forma, a pessoa sente-se recompensada. Às vezes, pequenos gestos também fazem a diferença, como dar folga no dia de aniversário e quando voltam a multa é dar lanche aos colegas. Temos todos os meses o dia D (donut, gelado, bola de berlim) um miminho que permite juntar a equipa ao fim do dia. Pararmos para quando retomarmos ser diferente.
Testemunho (Rosário Breda, Bresimar) – é muito importante alinhar toda a equipa. Se conseguirmos conquistar todos os objetivos há um jantar de leitão.
Testemunho (Andreia, Psicóloga) – uma coisa que influencia muito passa por trabalhar as expectativas. Isso é o que nos faz trabalhar a gratidão, olhar para as coisas de outra forma, isso faz-nos chegar às pessoas.
Susana – É importante eu saber o que a empresa espera de mim em termos de trabalho, pois sem isso não consigo corresponder a essa expectativa. Muitas vezes apercebemo-nos de situações de desencontros entre o que a empresa esperava e o que o colaborador esperava. Estarmos alinhados e as pessoas saberem a sua função e importância é fundamental para serem mais felizes. Se transpusermos para o campo pessoal, é a mesma coisa. Por exemplo, numa viagem e vamos com enorme expectativa e às vezes não corresponde; ou quando estamos com expectativas baixas e até nos surpreende. No trabalho funciona de igual forma e para isso a comunicação é muito importante: as portas estão abertas, podemos falar com o CEO quando queremos, as pessoas estão à vontade para contribuir com alguma ideia. As pessoas são ouvidas e isso pode ser implementado.
O que acha que atrai mais os clientes do Grupo José Pimenta Marques, o nome e reputação da empresa ou a cultura que a vossa equipa defende e representa?
Paulo – Acho que estão intimamente ligados, uma depende da outra. Não é por acaso que as nossas empresas do norte têm mais de 50 anos, elas preocupam-se e os resultados surgem. Há anos que nos correm bem, outros não tão bem, mas a dinâmica é crescente. O mercado continua a procurar empresas que dêem garantias.
Susana – o reconhecimento acaba por trazer clientes, mas temos de corresponder a essas expectativas.
Carolina – o positivismo é contagiante. Continua com o sorriso sempre.
Que transformações acredita que irão acontecer no mercado de trabalho nos próximos anos? (Carolina)
Temos 3 desafios – retenção de talento; crescimento da empresa e melhoria da comunicação interna e interação entre Millennials (geração que nasceu após os anos 2000) e baby boomers (geração que nasceu após a Segunda Guerra Mundial, a partir de 1946).
No ano passado, no ranking 100 MEPT um dos prémios era quem tratava melhor os baby boomers – são como mentores. Os Millennials vêm com ideias que me identifico, outras com ideias completamente descabidas.
Como uma empresa certificada, temos os nossos indicadores. Eu gosto de lhe chamar pessoas entusiastas. O melhor que acontece com os nossos talentos não é mensurável. Se estamos no ranking é porque olhamos mais para as pessoas do que para os papéis. Isso também nos ocupa muito tempo.
Veja aqui um testemunho de Cristina Mouta, da Reparoplast, participante na 12ª Tertúlia:
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